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Relacionamentos Abertos e Não Monogâmicos: Um Olhar Sistêmico e Psicanalítico


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O conceito de relacionamento aberto e outros modelos de não monogamia têm ganhado espaço nas discussões sobre afetividade e sexualidade contemporâneas. No entanto, para além de um "modismo", essas configurações trazem questionamentos profundos sobre os papéis que desempenhamos nos relacionamentos e sobre como construímos nossas conexões emocionais.

Com base na Psicologia Sistêmica e na Psicanálise, podemos entender essas dinâmicas de forma mais ampla e explorar como elas influenciam os indivíduos e as relações.


O Que São Relacionamentos Não Monogâmicos?


Os relacionamentos não monogâmicos podem ser definidos como aqueles em que o casal decide, de forma consensual, abrir mão da exclusividade sexual, romântica ou de ambas. Dentro dessa categoria, existem diversas configurações, como:


• Relacionamentos Abertos: O casal permanece comprometido emocionalmente, mas permite envolvimentos sexuais com outras pessoas.

• Poli amor: Os parceiros se envolvem emocional e/ou sexualmente com mais de uma pessoa de maneira consensual e ética.

• Swing: Troca de parceiros em contextos específicos, muitas vezes relacionados a eventos ou encontros programados.

• Anarquia Relacional: Um modelo no qual as relações não seguem hierarquias, priorizando a liberdade e o consentimento mútuo em cada conexão.


O Olhar Sistêmico: Relações Como Sistemas Interconectados


Na Psicologia Sistêmica, os relacionamentos são vistos como sistemas dinâmicos, nos quais cada comportamento afeta o outro. Em um modelo não monogâmico, essa interconectividade é ampliada, já que múltiplas pessoas passam a integrar o sistema relacional.

Nesse contexto, surgem desafios como:


1. Comunicação:


Relações abertas demandam um nível de diálogo ainda mais claro e estruturado. Questões como limites, ciúmes e acordos precisam ser constantemente revisitadas.


2. Papéis e Expectativas:


Quando novos parceiros são integrados ao sistema, é comum que os papéis de cada pessoa sejam renegociados. Quem antes ocupava um espaço exclusivo pode sentir-se ameaçado, o que exige maturidade emocional para lidar com a mudança.


3. Padrões Familiares:


Muitas vezes, padrões aprendidos em famílias de origem impactam como lidamos com a monogamia ou a não monogamia. Modelos internalizados de controle, ciúmes ou submissão podem emergir nessas dinâmicas.


A Psicanálise e os Desejos Inconscientes


Na Psicanálise, os relacionamentos abertos podem ser analisados à luz do desejo inconsciente e da busca por reconhecimento.

Algumas reflexões que emergem:


1. A Ilusão da Completação:


A monogamia tradicional frequentemente carrega a ideia de que o outro deve ser "tudo" para nós. Em modelos não monogâmicos, a busca por múltiplas conexões pode desafiar essa fantasia, permitindo uma vivência mais integrada da própria subjetividade.


2. O Ciúme e a Transferência:


O ciúme, um tema recorrente em qualquer tipo de relacionamento, é ainda mais desafiado na não monogamia. Ele pode ser entendido como uma manifestação de inseguranças mais profundas, ligadas à transferência e ao apego.


3. A Autonomia do Sujeito:


Relações não monogâmicas, quando bem-sucedidas, muitas vezes requerem um trabalho interno intenso de autoconhecimento. O sujeito precisa estar disposto a encarar suas fragilidades, lidar com o medo de rejeição e aprender a ser autônomo emocionalmente.


Benefícios e Desafios: Uma Perspectiva Clínica


Do ponto de vista clínico, as relações não monogâmicas oferecem tanto possibilidades quanto desafios:

Benefícios:

• Maior honestidade e abertura emocional entre os parceiros.

• Liberdade para explorar diferentes aspectos da sexualidade e do afeto.

• Menor pressão sobre um único parceiro para atender todas as necessidades emocionais.

Desafios:

• O risco de competição e insegurança emocional.

• A necessidade constante de revisão de acordos e negociações.

• A dificuldade de lidar com os julgamentos sociais e familiares.


Como Trabalhar Esses Temas em Terapia?


No consultório, é comum que casais ou indivíduos tragam dúvidas ou dificuldades relacionadas a modelos não monogâmicos. Utilizando a abordagem Sistêmica e a Psicanálise, é possível:


1. Explorar as Histórias Individuais:

Quais padrões familiares, traumas ou aprendizados estão influenciando a escolha por um modelo não monogâmico?

2. Fortalecer a Comunicação:

Técnicas de mediação podem ajudar os parceiros a expor seus desejos, medos e limites de forma clara.

3. Reconhecer os Desejos:

Entender que o desejo é plural e mutável pode abrir espaço para um relacionamento mais saudável, seja ele monogâmico ou não.

4. Trabalhar o Ciúme:

Explorar as raízes do ciúme, ajudando o paciente a transformá-lo em uma oportunidade de crescimento emocional.






Os relacionamentos não monogâmicos nos convidam a repensar nossos conceitos de amor, desejo e liberdade. Eles desafiam as noções tradicionais de exclusividade e apontam para a complexidade dos vínculos humanos.

Como psicóloga especializada em relacionamentos, acredito que não existe um modelo ideal, mas sim aquele que faz sentido para os envolvidos. O importante é que as escolhas sejam feitas com maturidade, respeito e, sobretudo, autenticidade.

Se você deseja explorar questões relacionadas aos seus relacionamentos, sejam eles monogâmicos ou não, agende uma consulta presencial ou online. Meu objetivo é ajudar você a construir vínculos mais saudáveis e alinhados com quem você realmente é.


Natalie Thedim

CRP 05/ 45482


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